segunda-feira, dezembro 31, 2012

O Gato e o Rato (fábula interminável)

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O Portugal, Caramba! deseja-vos a todos - excepto ao governo, claro - um Ano Novo espetacular.

quinta-feira, dezembro 27, 2012

quarta-feira, dezembro 12, 2012

O Gato e o Rato (fábula interminável)

Diga-se desde já que não devo à Drª. Isabel Jonet coisa nenhuma: limito-me, como sempre fiz, a corresponder o melhor que posso às frequentes presenças de escuteirinhos no supermercado e pousar no carrinho um saco com umas massas e uns feijões, as tradicionais conservas e umas latas de salsichas.
É facto que nunca me pediram bifes, nisso a Drª. Isabel tem razão, nem bilhetes para concertos de rock. Já me pediram radiografias, sim, mas velhas, com os meus ossos e uns pulmões em mau estado, mas isso é outra coisa, é mais a campanha para a reciclagem, entregue os seus medicamentos fora de prazo na farmácia e outras coisas dessas.
Mas, todo este aranzel de opiniões contra a pobre Senhora, dá-me que pensar: alguma coisa nela  oscila entre a militância ecológica (poupar água quando se lava os dentes, por exemplo), a disciplina conventual (nada de bifes, a carne estimula uma hormonas perigosas) e a moralidade rígida da pobreza envergonhada (não vás aos concertos, pá, não vês que os pobres não têm nada que se divertir?).
Eu sei que pensar nestas coisas me incomoda, é como uma comichão vagamente dolorosa, mas que está lá, como para me recordar que a solução pode não ser esta, tem mesmo de ser outra, mas tem de ser uma.
Ouvir a Drª. Isabel Jonet, para mim, foi um pouco como regressar a uma infância, nem por isso demasiado feliz, quando íamos todos na procissão com a capa da Irmandade do Senhor dos Passos (que ainda não era Coelho), quando as Senhoras davam aos necessitados desde que não bebessem vinho nem se rissem despropositadamente e quando as mulheres sem direito a maiúscula trabalhavam e cuidavam dos futuros necessitados.
Não juro que goste deste regresso de coisas tão velhas, com um tão intenso cheiro a bolor.
Mas a Drª. Isabel Jonet será a culpada?
E de quê?
De ter falado das suas convicções mais profundas e de ter dito umas inconveniências?
Ora! Que se lixe.
O Senhor Pinto da Costa, para não falar dos nossos ministros mais ministros, claro, diz bastantes mais e nem se rala com os pontapés na gramática! E nós perdemos o nosso precioso tempo (de desempregados até) a comentar estas coisas? 
Francamente!
Tenham tento e percebam que o que vos moveu foi a tristeza de ver que o Banco Alimentar contra a Fome não correspondia a nenhum ideal de solidariedade senão nas vossas cabeças. No mais, é o que os humanos conseguem fazer: uma organização que, quando não se dedica a tiranizar os outros, segue o seu caminha a manquejar, com risco de cair de vez em quando. 

O Gato e o Rato (fábula intermiável)