sexta-feira, agosto 30, 2013

BOM DIA E UM QUEIJO

 

Bom Dia e um queijo é a narrativa cheia de peripécias das aventuras - e algumas desventuras - do Carlinhos - que também gosta de se chamar Chuck - da Magrizela e do Zé Nesgas, onde, se tivermos sorte, hão-de aparecer um ou dois Diabrelhos e várias outras figuras que, por serem invulgares, não são menos verdadeiras.
Tudo narrado fielmente por este que se assina
Alberto Tacci
(ou outro nome qualquer)
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A minha Senhorinha lembra-se, certamente, dos nossos últimos encontros e do que então conversámos sobre o seu Primo Carlinhos.
Já lá vai algum tempo, mas, por essas alturas, comentámos, não sem alguma inquietação, o facto de que o jovem sonhador, alto e gorducho como era, estar a abandonar rapidamente a meninice e a entrar decidido pela adolescência.
Efeitos, receávamos, da presença da Magrizela lá em casa.
A minha Senhorinha conhece perfeitamente a pequena moradia - com um jardinzinho à frente e um pequeno pátio nas traseiras - onde a Senhora sua Tia, a Mãe do Carlinhos, sempre viveu.
Perdoará, no entanto, que eu junte aqui uma breve descrição do Bairro Social de Nossa Senhora dos Anjos, para dar a conhecer aos demais leitores que gentilmente nos acompanham, o lugar onde cresceu o seu Primo. E, de caminho, explicar - se explicação tiver - como foi possível, durante este tempo todo, que ninguém estranhasse a presença da clandestina Magrizela a pavonear-se por todo o lado na companhia do Carlinhos e do seu colega de turma e de há muito inseparável amigo, o Zé Nesgas.
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O Bairro tinha sido planeado para se estender pela encosta abaixo, ter um jardim com um ringue de hóquei em patins e uma Igreja, e albergar com a devida decência e muito respeitinho, como era antigamente, duzentas famílias de militares de baixa patente, um ou outro chefe de polícia, funcionários da Câmara Municipal e empregados de comércio selecionados. E havia de ter também um pequeno miradouro com um busto do Sr. Ministro das Obras Públicas e banquinhos onde os mais idosos se iriam sentar à conversa e regalar-se a plenos pulmões com a magnífica vista sobre o rio.
Era uma coisa bonita.
Houve uma cerimónia solene para lançar a primeira pedra, com ministros e presidentes, uns quantos legionários da Legião Portuguesa, as criancinhas da Escola Primária mais próxima e uma menina vestida de organdi com um ramo de flores e um laço azul na cabeça.
Porém - e a minha Senhorinha já sabe como são estes «poréns», acaba sempre por haver meia dúzia - ainda o empreendimento não tinha passado do papel e a menina do laço azul ainda não tinha tropeçado e espalhado as flores pelo chão e já se dizia à boca pequena que alguém se tinha abotoado com as verbas.
Houve ajustes daqui e dali, roubou-se uma dezena de metros quadrados a cada quintalinho, um metro na largura da ruas e mais meio metro nos passeios que ficavam só um bocadinho mais estreitos.
Das duzentas vivendas construíram-se trinta e nove, agrupadas em seis pequeninos quarteirões e com seis casinhas cada um, e mais meio que, não se sabe porquê, ficou só com três - um nadinha maiores, é verdade, e com uma garagem atrás onde não sei se caberia um carro maior do que um Fiat Topolino - ou vá lá, para termos uma comparação mais dos nossos dias, um Smart ou um Citroën C-1.
Foi uma destas três que os Avós do Carlinhos e da minha Senhorinha adquiriram com algum sacrifício, diga-se, e que deixaram à filha mais nova quando se reformaram e foram para a terra, lá para os lados de Ponte de Lima ou dos Arcos de Valdevez.
Os terrenos previstos para a dita Igreja e para o jardim foram loteados e vendidos para fazer prédios e, como se diz agora, para se realizarem umas mais-valias que segurassem o descalabro nas contas do Município. O miradouro, esse ficou com uma bonita vista para as traseiras dos prédios onde as vizinhas dos segundos andares estendem a roupa.
Quando se puseram, finalmente, os candeeiros da iluminação pública, verificou-se que os estreitados passeios não davam para passar um carrinho de bebé, quanto mais uma cadeira de rodas.
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Mas então, reclamam as Gentis Leitoras e os Benevolentes Cavalheiros, Meninas e Meninos que vinham cheios de curiosidade: então e o Carlinhos? E a Magrizela? Não era disso que se tratava e das aventuras deles e do Zé Nesgas?
Só posso pedir-lhes um pouco de paciência porque, arrumadas estas considerações - e se outras não vierem, aviso desde já, porque eu não sou de fiar como a minha Senhorinha tão bem sabe - iremos pé ante pé surpreender o nosso Carlinhos no quintal do Sr. Julião, reformado dos Correios que faz naus e caravelas com pauzinhos de fósforo.
Mas o que ele lá estava a fazer terá de ficar para depois, porque, confesso: já estou a ficar muito cansado e mal distingo as teclas em que vou aqui martelando.
Mas hei-de voltar, tão depressa quanto arranjar três euritos, que é quanto custa aqui nesta loja, o aluguer de um computador e da ligação à internet durante umas horas.
Prometo. 
 


segunda-feira, agosto 12, 2013

Os dias de Catarina

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- Pai! Já alguém tinha feito um falso almanaque do Borda d'Água?

sábado, agosto 10, 2013

Os dias de Catarina

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- Porque é que as cotas ficam assim bonitas quando cantam todas juntas?