sábado, novembro 29, 2008

A Itália também não...

" Italy is not a democracy. It’s a telecracy, an oligarchy, a mafiocracy. All of these together, but not a democracy. The citizens cannot elect their representatives. So it is not an elected democracy. The citizens cannot participate in public decision making. So it is not a participatory democracy. The citizens have no right to be informed. So they cannot make decisions. But if citizens cannot elect or participate or be informed, what is left? "
23 de Novembro,
Democracy or not

quinta-feira, novembro 27, 2008

- Grande arrelia, caramba!

"O desgraçado Melchior arregalava os olhos miúdos, que se embaciavam de lágrimas. Os caixotes?! Nada chegara, nada aparecera!... E na sua perturbação mirava pelas arcadas do pátio, palpava na algibeira das pantalonas. Os caixotes?... Não, não tinha os caixotes!"
Eça de Queiroz, A Cidade e as Serras

terça-feira, novembro 25, 2008

Nada na manga


- Nada numa manga!...
Nada na outra!...
Nada no BCP!
Nada no BPN!

segunda-feira, novembro 24, 2008

Subsídios para o Livro de Aka (II)


No Louvre, em frente da Vénus de Milo.
- Sou mais bonita. - pensou Aka.
E acrescentou com melancolia:
- Mas nela vê-se muito mais.

Subsídios para o Livro de Aka (I)


Aka, aliás, Aliás.
Ou outro nome, talvez.
Aka, como Deus, tem mais de mil nomes.
Aka viaja.
- O mundo é como que um espelho partido em muitos bocadinhos. - disse ela para a sua Aia. - Em cada um deles é a nós mesmas que vemos. Achas que eu podia dar a cada fragmento um dos meus nomes? Era como se fosse outra em cada lugar que visito.
A Aia não despegou os olhos do catálogo.
- A este sítio, que nome darias?
-Não sei. Paris, por exemplo. Que achas?
- Só se fosses ainda mais vaidosa do que és. - retorquiu a Aia secamente.
- Para que serve então ter tantos nomes?

quinta-feira, novembro 20, 2008

segunda-feira, novembro 17, 2008

domingo, novembro 16, 2008

O Priorado do cifrão

... incongruentemente,
a imagem de um carvalho vetusto,
de largo tronco nodoso,
a despedir-se da folhagem, no Outono.

pags. 154, 155


O priorado do cifrão, da Porto Editora, é o mais recente livro de João Aguiar.
Tem por tema a escrita e a autoria, mas na sua vertente editorial. Por tese, a morte anunciada do autor, figura dispensável e perturbadora das conspirações editoriais.
A intriga não é muito complexa.
Miguel Souto Campos, a personagem principal do livro, é um não muito credível jovem editor da Codex 3, uma casa editora pertencente a um enorme grupo multinacional. Aos vinte e cinco anos sabe latim, ouviu falar de Gibbon e tem um sono desassossegado depois de ter feito amor com a menina mais cobiçada lá da empresa. E bebe chá! Sem querer e sem grande vocação, torna-se o herói de uma paródia ao Código de Da Vinci, de Dan Brown.
Diga-se num parêntesis: já estamos habituados aos livros que, volta e meia, inundam o mercado, colonizam o gosto e, quando os editores têm sorte, inauguram um género.
Tolkien é um dos melhores exemplos, tal como J. K. Rowling ou, para mal do nossos pecados, o próprio Dan Brown, caricaturado por João Aguiar.
Por vezes, como aconteceu com O Senhor dos anéis ou com a saga em sete volumes de Harry Potter, os livros são bem escritos e, embora discutíveis como tudo na vida, engendrados com imaginação e gosto.
Mas outros e talvez melhores exemplos podiam ocorrer-nos.
Deve haver quem ainda recorde o êxito espantoso de O despertar dos mágicos, de Louis Pauwels e Jaques Bergier e da quantidade de sequelas que suscitou. Choveram nos escaparates mistérios da Ilha de Páscoa, segredos dos Templários, enigmas das pirâmides, discos voadores, terceiras visões e poderes da mente... Tudo coisas que, no geral, não resistiriam à mais elementar crítica, mas que se apresentam como ensaios bem documentados, citações de supostos cientistas, imaginárias testemunhas, textos sagrados - de que ninguém viu os originais, claro.
São, regra geral, livros de ficção e de entretenimento que, para mal dos nossos pecados, não se apresentam como tal. Como João Aguiar chama a atenção, não são livros, na antiga acepção da palavra; nem são obra de alguém: são meros produtos para o mercado; o autor, por muito sucesso que tenha, é, também ele, um consumível; pode facilmente ser substituido por outro que aplique a mesma receita para o sucesso.
Bom mesmo será o desaparecimento dessa incómoda figura que é um escritor, regra geral orgulhoso, ciumento da sua independência e com direitos de propriedade sobre a obra.
O ghost-writer, ou melhor, uma equipe deles, virá, mais cedo ou mais tarde, escrever o texto da obra de um escritor fictício, produzido por uma multinacional da edição. Actores profissionais representá-lo-ão em entrevistas filmadas sempre que fôr preciso - e em pessoa na cerimónia do Nobel.
É nestes ambientes um pouco tenebrosos que decorre a aventura do jovem editor Miguel Souto Campos, um ingénuo incompreensivelmente promovido no seio da organização inimiga, um inocente perseguido a tiros felizmente falhados pelas ruas, o desajeitado favorito das secretárias simpáticas e o protegido de misteriosas potências que se não desvendarão até ao fim do livro.
Como o próprio João Aguiar resume, pela voz de uma personagem:
«... Se não soubéssemos o que sabemos, dir-se-ia que há um assassino, um único e sinistro assassino, decidido a matá-lo. Só que... falha sempre! Quer por azar dele, quer por falhas de execução, falha sempre. E você vai andando, mais ou menos impassível, enquanto o assassino pragueja e protesta: merda! Falhou mais uma vez! Palavra, é de comédia negra. Ou melhor ainda: desenhos animados...» (pag. 334)
Nós, aqui no Portugal, Caramba!, estamos em concordar com o resumo. E até acrescentávamos que é no que dá parodiar um mau romance, como o de Dan Brown. Mas foi a opção do João Aguiar. Permitiu-lhe revisitar o Adriano Carreira, a Sara e o Frederico, personagens de A catedral verde e satisfazer um gosto antigo pela novela policial.
Nada a dizer, se não que continuamos a preferir os Diálogos das Compensadas, ou o Navegador solitário.

quinta-feira, novembro 13, 2008

quarta-feira, novembro 12, 2008

Sempre é melhor do que nada...

George W. Bush mostra-se, finalmente, preocupado com o que os historiadores vão escrever a seu respeito e declara-se arrependido de algumas das coisas que disse ao longo dos seus dois mandatos.
Nós achamos bem. Mas há um pormenor que nos escapa: ele só se arrepende de «algumas coisas» que disse? De «algumas»?
E das que fez?
Nem uma?
Não será pouco?

sexta-feira, novembro 07, 2008

Obamocepticismo

Não sei bem a quem devemos pedir que nos perdoem por, aqui no «Portugal, caramba!», sermos Obamocépticos.
E não é por causa do próprio Barack Obama, que, por tudo o que de si mostrou, nos mereceria o benefício, mais do que da dúvida, da confiança.
Mas a crença, o optimismo, fazem-se caros.
Não vêm quando os chamamos.
Também gostaríamos de acreditar em Deus e sabemos que, provavelmente, não existe. No entanto, por vezes, como qualquer desesperado em desesperadas situações, também rezamos.
E gostaríamos de acreditar que sim, que a partir de agora, tudo vai mudar, que nunca mais haverá bombardeamentos cirúrgicos, nem guerras preventivas, nem danos colaterais. E também que vão acabar de vez as «guerras das estrelas» e os «escudos anti-míssil» (e já não ousamos rezar sequer para que acabem os próprios mísseis...)
Gostaríamos de acreditar que uma nova convenção de Genebra vai ser assinada também pelos EEUU e que os exércitos de mercenários disfarçados de empresas de segurança vão ser proibidos; que os criminosos de guerra, pertençam ao lado a que pertencerem, seja qual for o Departamento de Estado que os recrutou, irão ser julgados em tribunais suficientemente independentes. E não pedimos já, nem a Deus nem a Obama que os responsáveis pela morte de Allende, pelo esmagamento do Chile, os Henry Kissinger e os outros todos, sejam julgados pelos seus crimes. Nem pedimos que George W. Bush, Rice, Rumsfeld ou Cheney compareçam diante de um qualquer Grande Júri para dar conta dos seus actos.
Mas talvez um pequeno milagre nos fizesse acreditar, ao menos, um pouco: se o ainda Senador Obama, mas já Presidente para a maioria dos americanos, exigisse, de imediato, sem hesitações nem argumentos, o encerramento de Guantanamo e a entrega de todos os prisioneiros, reintegrados nos seus direitos de seres humanos, aos tribunais civis. Já!
Talvez então, a fé acontecesse.

quarta-feira, novembro 05, 2008

Sem título

- Meu Deus! E agora?

Insultos

Bem sabemos que ter inveja é muito feio. Mas, haverá alguém, neste mundo pequeno e mesquinho, que não inveje a veemência do Capitão Haddock?
Alguém tem sugestões? Aqui ficam umas quantas. Espero que vos sejam úteis no caso de o vosso favorito nas eleições americanas não chegar à Casa Branca.
- Pé rapado, badameco, sarnoso...! Policarpo, carmelita, capa-grilos, borbulhento! ...Trampolineiro, caramelo, beldroega. Sicofante, aventino, insecticida... caçador, bardagoso, sapa-gato, filomeno! Mal-cheiroso, infeliz, patarata, pendureza, tricotim!