quinta-feira, novembro 29, 2007

Kafka era um saloio


Da «Carta Aberta» enviada pelo Sérgio de Sousa aos candidatos a Bastonário da Ordem dos Advogados respigámos, com a devida vénia, este bocadinho:

Uma trabalhadora, ao cabo de vários meses sem receber a remuneração do trabalho que continuava a prestar, despediu-se, invocando como justa causa para tal a falta do pagamento das retribuições mensais. Recorreu ao subsídio de desemprego e intentou uma acção contra a sua antiga entidade patronal peticionando o pagamento de salários em dívida, subsídios, indemnização. Requereu apoio judiciário para a isentar do prévio pagamento das taxas de justiça. A Segurança Social, considerando o rendimento do agregado familiar, o vencimento do marido da trabalhadora, número de filhos, encargos, acabou decidindo que a trabalhadora deveria ir efectuando mensalmente, para pagamento das taxas de justiça, depósitos autónomos de € 60,00. Ela assim fez. Frustrada a conciliação no início do processo por a entidade patronal não ter comparecido na audiência de partes marcada, a acção prosseguiu tento sido apresentada contestação e agendada a audiência de julgamento, que viria a ser por duas vezes adiada devido a impedimentos do tribunal. A autora continuou sempre a efectuar os depósitos autónomos mensais. Julgada finalmente a acção, a autora viu os seus pedidos procederam em 97,87% tendo decaído em 2,13%, constando da sentença a condenação do pagamento das custas na proporção do decaimento. Donde resultou, conforme foi notificado à autora, que as custas de sua responsabilidade se cifrassem em € 16,36. Entretanto, a soma dos depósitos autónomos efectuados pela autora ascendera a € 590,00, e a ré apenas tinha satisfeito a taxa inicial de € 178,00. Para surpresa da autora, o tribunal devoveu-lhe € 310,00. Como assim, perguntou ela raciocinando: se depositara 590,00, era responsável pelo pagamento apenas de 16,36, devolviam-lhe 310,00, onde tinham ido parar os restantes 263,64 euros? Tinham ido parar ao pagamento da parte das custas da responsabilidade do réu que este não pagara. Não devido a qualquer engano, é mesmo assim, de acordo com a lei, querem explicar-me, sem prejuízo de a autora poder vir a cobrar, dispondo até de título executivo, a quantia que lhe falta, da ré.
Não digam «lol» que é o conde das Calças Pardas. Se querem um conto, um conto lhes contarei.
Querem que lhes conte um conto?

quarta-feira, novembro 28, 2007

Violência Doméstica

«Esqueceram-se as Senhoras Deputadas da Oposição, do que temos feito, por exemplo, no domínio da violência de género, onde publicámos, sim Senhora deputada, não se ria, fomos nós quem publicou o Decreto que obriga as facas a serem ergonómicas e as vossas gargantas easy open!»

terça-feira, novembro 27, 2007

Aviso



Este blog tem estado fechado por motivo de não ter estado aberto.

sexta-feira, novembro 16, 2007

DÉJEUNER DU MATIN, Jaques Prévert



Il a mis le café
Dans la tasse
Il a mis le lait
Dans la tasse de café
Il a mis le sucre
Dans le café au lait
Avec la petite cuiller
Il a tourné
Il a bu le café au lait
Et il a reposé la tasse
Sans me parler
Il a allumé
Une cirarrette
Il a fait des ronds
Avec la fumée
Il a mis les cendres
Dans le cendrier
Sans me parler
Sans me regarder
Il s’est levé
Il a mis
Son chapeau sur sa tête
Il a mis
Son manteau de pluie
Parce qu’il pleuvait
Et il est parti
Sous la pluie
Sans une parole
Sans me regarder
Et moi j’ai pris
Ma tête dans ma main
Et j’ai pleuré.

sábado, novembro 10, 2007

Rã King

O Portugal, Caramba farto de vãs discussões sobre o momentoso problema de saber se o ensino privado é melhor do que o público, decidiu criar um prémio para a escola que tiver a melhor posição no ranking respectivo. O prémio consiste neste retrato de Sua Magestade e poderá ser orgulhosamente exibido pelo vencedor, quer sob a forma de auto-colantes, quer impresso nas T-shirts obrigatórias dos alunos. No caso de terem farda com casaquinho verde-garrafa, a imagem poderá também ser bordada no bolso superior do lado esquerdo.
Parabéns ao feliz vencedor, que este ano julgamos ter sido o Externato Alfa que teve zero negativas [0] tanto a Português como a Matemática. Se não tiver sido, o Planalto ou o Mira-Rio também servem.

quinta-feira, novembro 08, 2007

... if one litlle nigger should accidentally fall...

Regresso de uma viagem de negócios bem sucedida à África sub-Sahariana
Os inglêses têm um número espantoso de cantilenas maldosas, supostamente para crianças - pelo menos para aquelas que não foram criadas na delicodoçura anal das criações Disney. Os Three Blind Mice, por exemplo com os seus rabinhos cortados com uma faca de trinchar.
Nós também temos uma ou outra, suponho. Pelo menos, a história das Doze irmãzinhas, todas vestidas de bronze. Deu o tanglomango nelas, não ficaram senão onze. Dessas onze que elas eram, foram lavar os pés. Deu o tanglomango nelas, não ficaram senão dez... E por aí fora, até não ficar nenhuma. [Não sabem o que é um «tanglomango»? E acham que faz falta? Pronto: significa "malefício", "sortilégio", está bem?]
No entanto, se repararem, este post é sobre as migrações. Assim sendo, escolhi para epígrafe a cantilena Ten litlle nigger boys, mas cruzada com as Ten green botlles que tem uma musiquinha muito linda e muitíssimo cantarolável. O Google é óptimo, nestas coisas. Eu podia pôr aqui o link, mas vão lá, pesquisem vocês e encontrem a toada.
Podem cantá-la como quiserem: perizemples, vá lá, Ten litlle brazillian girls hangging na casa de alterne. If one litlle brazillian girl should accidentally fall, there' ten million litlle brazillian girls hangging on the wall.
Topam? Não preciso dizer mais nada, pois não?
PS: Este post, com o seu desenho irritante e iconoclasta - hoje diz-se "politicamente incorrecto" - deve-se à Ana e à Cláudia da Tertúlia do Pirilampo . Para elas, ainda estou a congeminar um desenho decente, se de tal for capaz.

domingo, novembro 04, 2007

Quando a emenda é pior do que o soneto

Juro: tentei com todas as forças. Esforcei-me. Rabisquei, apaguei, voltei a rabiscar. Nada. Nada saía. Nada entrava. A mais perfeita neutralidade ou, se preferirmos, a completa nulidade.
Algumas caras são desenháveis, por muito que se não goste delas. A de um boxeur europeuìzável, por exemplo.




Outras, saem-nos tão mal, mas tão mal, que apesar de porfiados esforços, nada melhoram. Quase se poderia afirmar que a culpa é do modelo. Esta senhora é um excelente exemplo: porque raio não tem ela uma cara desenhável?



Mas, como diria um cómico da nossa praça, "o verdadeiro artista", não desiste nunca. Faz ele bem.



Nós, que não temos tantas pretensões, imitamo-lo tanto quanto podemos. De fracasso em fracasso havemos de chegar à vitória final.


sábado, novembro 03, 2007

sexta-feira, novembro 02, 2007