quarta-feira, novembro 21, 2018

Carta Aberta (talvez melhor: Desabrida) ao Manuel Alegre



Dâmaso
- Eu cá, é de atracão!
-
Grande Manuel:
Deixa-me dizer-te como aprecio a tua intervenção pública e ousada nesta questão do politicamente correcto. Também eu, frequentemente opto pela incorreção - não no caso do massacre dos toiros para gáudio sádico de uns quantos espectadores, não em andar aos tiros a coelhitos que só iam na vida deles sem incomodar ninguém, mas, para dar um pequeno exemplo - quando toda a gente incensava o tua «A Praça da Canção», eu, incorrecto como sou, achei-o superficial, mero aproveitamento do tempo que passa (como o vento?). 
Não penses que duvido da nobreza dos teus sentimentos de resistente anti.fascista. Mas sempre suspeitei de que, à mistura, vinha alguma dose de vontade de ser reconhecido, tipo ser «o maior da cantareira». Estarei em erro? Coisas da minha dose de incorrecção. Tu o dirás.
Adiante. Quero que compreendas que eu também compreendo os teus gostos aristocráticos, Manuel: Afinal, ir à caça com a espingarda debaixo do braço e uns grupo de amigos apreciadores do ar livre é elegante., Ir assistir a uma tenta de gado na herdade de um ganadeiro amigo, ser parte da Festa Brava, são coisas que afidalgam que se farta.
Só há uma coisa que eu não percebo: terás medo de que os aficionados deixem de ir às toiradas a 13% do IVA e passem a frequentar o Balet, só por causa dos 6%?