quinta-feira, março 28, 2013
segunda-feira, março 18, 2013
quarta-feira, março 06, 2013
Beppe Grillo e a água do banho
Há muito tempo, confesso para minha grande vergonha, que não seguia o blog do Beppe Grillo.
O meu italiano não é grande coisa, por isso costumava preferir a edição em inglês onde lia frequentemente comentários algo contundentes às políticas europeias. Talvez porque nos idos de 2006, 2007, a Crise, esta malfadada Crise, era ainda uma ameaça longínqua, e porque tínhamos aqui mais ao pé coisas com que nos preocupar, uma direita cada vez mais agressiva e um partido que se dizia socialista e cada vez mais colado às mesmas políticas, esqueci-me do Beppe Grillo.
A sério: esqueci-me.
Erros meus, má fortuna, e, suponho, infortúnio de muita gente.
Quando voltámos a ouvir falar dele, foi em grande.
A Itália resolvera correr com o seu eurocrata de serviço - nós ainda não conseguimos livrar-nos dos nossos - e o Movimento Cinco Estrelas (raio de nome!), acusado de populismo por todos os lados, recusava-se a emprestar os seus 25% de votos às soluções tipo «mais do mesmo».
Beppe Grillo, que já era o «comediante» para toda a gente, sobretudo para quem nunca o tinha lido, foi promovido: passou a ser o «palhaço».
E entretanto toda a gente se esquecia de que o movimento M5S, tem muito mais gente e que não é assim tão certo que sejam todos tão apalhaçados como se gosta de pensar que é o seu chefe: reuniram-se, elegeram por braço no ar os seus lideres no parlamento e no senado e declararam-nos cargos rotativos.
Será populismo, não tenho a certeza.
O populismo é, diz o meu dicionário, um «movimento protagonizado por um chefe carismático e paternalista que apela à simpatia das bases populares».
Quanto a «carisma», estamos conversados: estou farto dos moscas-mortas tipo Cavaco Silva, Vítor Gaspar ou Miguel Relvas. Prefiro as pessoas com o tal carisma - seja isso o que for - aos velhacos, aos sonsos, aos que dissimulam a sua mesquinhez e as suas ambiçõezinhas medíocres.
E quanto ao «paternalismo», francamente, qual é o político que se pode gabar de nunca a ele ter recorrido? O Gaspar, quando se põe a dizer que somos «o melhor povo do mundo»? O Soares? O Barroso? Os banqueiros, como o o João Salgueiro quando nos manda limpar as matas se perdermos o emprego?
Mas populista ou não, o M5S tem lá imensa gente muito, muito jovem.
E a «revolução», escrevi eu próprio em 75, a um ano do 25 de Abril, «é quando os jovens enxotam os velhos e realizam, com a doce inconsciência de que são capazes, as coisas impossíveis».
Quem sabe?
A esperança é como o bebé: não deve ser deitado fora com a água suja das políticas profissionais, pois não?
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