terça-feira, outubro 17, 2017

Paulo Varela Gomes, Hotel.

Em Todas as Direcções se contempla o Vazio

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Acabei de ler Hotel, de Paulo Varela Gomes (Tinta da China, 2014) e iniciei o seu Passos Perdidos (da mesma editora, 2016).
Nos intervalos, entre páginas fui desenhando uns bonecos (um mau costume que me ajuda a pensar) enquanto maldizia a quase invencível relutância que sinto perante a ficção de pessoas amigas, ou que, em dada altura conheci de perto. 
Erros meus, má fortuna que  me impediram de me encontrar mais cedo com a obra do Paulo Varela Gomes. Quando o conheci, muito antes de «ser cristão», era ele um jovem guerreiro que atravessava a vida a passos largos e convictos. Que mais dizer, passados tantos anos, se não que estou a gostar de o voltar a conhecer na sua maturidade?
Sobretudo por coisas destas que ele escreveu algures:
"Às vezes são crianças pedintes, outras vezes cães abandonados ou vadios. [...] As raparigas trazem quase sempre uma criança mais pequena ao colo e têm já a indiferença magoada de quem foi condenado a uma pena perpétua. Os cães passam, aquele desesperado para aqui e para ali à procura do dono que fugiu talvez há muito tempo, e outro, vagaroso, cheio de dores, em busca de um sítio onde morrer em silêncio, olham através de nós para uma vida que nunca tiveram." (Ouro e Cinza, crónicas, Tinta da China, 2016, p. 23).
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Rui da Costa Lopes  

             

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