As conversas são como as cerejas, é sabido, mas os posts aqui nos blogues também. E, a propósito dos esboços rápidos que, disfarçada e envergonhadamente, fui fazendo nas salas de espera de Santa Maria, e do post a que deram origem, sem saber bem como, lá estava eu a folhear uma velha edição do Rilke, prefácio, selecção e tradução de Paulo Quintela.
E lá estava também o poema, Sobre o desenho que representa John Keats morto, e em extra texto, numa folhinha de papel lustroso, a reprodução do desenho a sépia de J. Severn.
Em nota, no fim do poema, lá se explica:
[O desenho a sépia de J. Severn, feito a 28 de Janeiro de 1821, representa J. Keats moribundo (+ 23. II. 1821). Rilke fez o poema sobre uma reprodução do desenho que viu em casa de André Gide. No dia seguinte escreveu numa carta a E. Verhaeren: «Conaissez-vous le dessin réprésentant Keats mort, dont Gide possède une réproduction? Je l'avais vu chez lui la veille et j'ai fait hier, en rentrant, une petite poésie sur ce dessin qui m'a fort impressioné.» ...]
Não sei se as universidades ainda continuam a fazer ou a patocinar este tipo de edições. Sei que, de súbito, me apeteceu ter, como o Gide, este desenho numa parede. Como não consigo decidir-me a arrancá-lo do meu exemplar, acho que vou procurar aí pelos alfarrabistas lisboetas. Talvez ache um outro, já desmantelado a quem uma pàginazinha a menos não faça já grande diferença.
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