- o que lhe queiramos chamar quando,
partindo de imagens e esquemas,
perseguimos os conceitos -
é um hábito que tem tanto de absolutamente necessário
como de pernicioso.
(Eu, em dia não)
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Transcrevo, com a vossa licença, de um caderno já muito antigo:
"Ouvido durante a conferência do [Professor Doutor] Carmo Ferreira no D. João de Castro:
1810 (1) - o sucídio de Kleist. Motivo: Não há verdades absolutas, só há verdades condicionadas à nossa intuição sensível.
A Metafísica como uma amante arisca para Kant.
A paixão move-nos para ela, não podemos viver sem a Metafísica e, no entanto, ela não nos gratifica, comporta-se como uma ingrata. A Metafísica é a ciência dos limites da Razão e, ao apaixonarmo-nos por ela, apaixonamo-nos pela fronteira do não-mais-além.
A Razão kanteana é, assim, sentimento.
Sente a carência de totalidade, capta a insuficiência, o interesse move-a, é a razão da razão que, no entanto, como uma outra traição, apenas se interessa por si própria. O interesse (ou a paixão, ou o sentimento) e, no entanto, o único acesso para o outro, para a alteridade. A razão reduz o outro a objecto submisso às condições a priori, ao espaço, ao tempo, às categorias, ao mundo, irremediavelmente aquilo fenoménico, númeno inatingível. O interesse, no entanto, instância última e fundamento, lugar do não-recuo, sentimento prático, leva-nos ao outro, indivíduo, identidade, gozo enquanto conhecimento e acção.
E a Metafísica? É a decepção, tripla decepção porque nada nos diz e nos reenvia à fé, porque a lei moral não é eficaz por si mesma e, enfim, porque o máximo que a Metafísica nos diz é que tudo se passa como se...
De onde a morte decepcionada de Kleist.
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Que devemos então esperar?
A resposta é tautológica: devemos esperar a esperança, que é agir, arriscar.
A recompensa para isto é parca, respondeu Kleist. Para Kant, a recompensa, a plenitude, vem do Belo. E Belo, verdadeiramente Belo, é o rosto do outro quando age livremente."
(1) De facto em 1811. Erro meu, decerto, ao tomar os apontamentos.
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