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segunda-feira, fevereiro 07, 2011

Que parvos que somos


Há quanto tempo não tínhamos assim uma canção de protesto, daquelas que vão direitas à mouche, quer dizer, canções que, de repente assumem o sentir colectivo?
Dantes iam surgindo umas que a gente cantava sentados nos degraus da faculdade, tipo:
«Canta, canta, amigo canta, vem cantar a tua canção, tu sozinho não és nada, juntos temos o mundo na mão...»
Ou então, acontecia, perguntarmos «ao vento que passa, notícias do meu país. E o vento cala a desgraça e o vento nada me diz...»

Agora que estamos entregues a
comentadores-mais-ou-menos-comendadores, à sua comenda e bebenda assentados, até corremos o risco de acreditar que a política do pleno emprego e a da educação universal foi errada e que num país de mão de obra escrava os escravos refilam tanto menos quanto menos estudarem e assim deve ser.

Sim, a culpa é dos Robertos Carneiros e dos Marçal Grilo - vá lá que são estes - alegadamente por esquecerem que a educação vai a par com os estudos de mercado.

Tomem lá, que a canção dos Deolinda é "a resposta, e uma boa resposta" à vossa "'prioridade das prioridades'" (VPV, em 5/2 dixit).

Ah, comendadores, comendadores!

Que parvos que somos...

terça-feira, outubro 05, 2010

Viva a Bela Adormecida!


(A história desta bela adormecida, caso queiram, pode ser vista no Urban Sketchers, aqui ao lado. Oxalá gostem, que me deu bom trabalho e algum gozo.)
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Não sou o republicano mais convicto do mundo, é verdade.
A bem dizer, nem sei muito bem o que é isso, uma república.
Claro: já não há reis.
Os marquezes e os condes deixaram de merecer tratamento de favor expresso na lei. Alguns, mas não muitos, até empobreceram.
Mas e depois?
As grandes famílias, cruzamentos do poder económico e do poder simbólico como sempre, continuam por aí. Estou até em crer que olham com irónica indulgência os salazarecos que se agitam diante das televisivas câmaras a julgar que decidem alguma coisa.
E a Igreja Católica, com a Opus Dei, quem sabe, com as Misericórdias, com as suas escolas, foi separada do Estado, mas, se calhar, levou consigo muito do melhor que a gente tinha, e isto sem nunca abdicar inteiramente de de coisa alguma.
Não tenho a certeza, mas foi como se uma fada má tivesse condenado esta Bela a picar-se num fuso e dormir durante cem anos.
Quem quer ser o Alfaiatinho Valente que a vá despertar? (1)
Mas, perguntareis: então e a República não fez nada de jeito? Estes anos todos?
Sei lá. E que é que interessa?
O Eça de Queiroz não era um republicano. O Camões ainda menos e o Pessoa também não. Mas foram pontos altos na nossa cultura. E o que seria o Saramago numa monarquia? Republicano à mesma, não?
Olhem, uma república a sério, para mim, é isto e ponto:


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(1) Nste blog, sendo laico e republicano, os Príncipes encantados são convidados a absterem-se. Obrigado.