Ninguém diga que desta água não beberá.
Até este blog, que não queria nada com semelhante pessoa, aqui está a recomendar uma petição que terá de lhe ser dirigida. Valerá tanto como nada, a gente sabe.
Mas hoje, numa loja, uma menina magrinha que vinha cumprir o seu dever cívico de entregar pilhas gastas para reciclar, estava a ser vítima de um dos desportos favoritos dos adultos: arreliar o puto.
Não era nada de grave, via-se que eram amigos da garotinha. Só coisas do género: «Atão tu já as gastaste e agora é que as vens trazer?» ou «Se trouxesses essa caixa cheia de rebuçados a gente aceitava, agora pilhas velhas...»
Mas via-se que a menina estava a ficar brava: vinha fazer o que lhe dizia a professora, o que os pais mandavam, o que era certo, e gozavam com ela, ainda por cima?
O autor deste blog resolveu solidarizar-se:
«Não ligues, eles estão só a brincar contigo.»
E fez-lhe uma festinha no cabelo preto.
Recebeu em troca um sorriso de quem encontrou um aliado.
Mas a ele, Tacci, autor deste blog, tinha-se-lhe gelado o coração:
«Toquei numa criança!» pensou. «Vão pensar que eu sou um pedófilo!»
Claro que não pensaram. São pessoas sãs. Ou, quem sabe...?
A auto-censura já tinha funcionado. Que fazer depois disto? Alguém sabe?
Por isso, Senhor Presidente, mesmo que eu não goste nada de si e lhe possa garantir que é pessoa em que nunca votarei, não quer atender à petição que lhe vai endereçada ali em cima?
A petição pode ser assinada através do Portugal Profundo, de onde rapinei a tarjeta lá de cima. A bem da sanidade pública, se a das crianças vos for assim tão indiferente.
5 comentários:
Não te auto-censures.
não te auto-censures por gestos de ternura
É muito difícil, Anita. Quando se pensa nisso, já aconteceu.
Um abraço.
Que bonito e nobre, que carinhoso e cívico o seu gesto, deixe as intenções para os outros. Salvou um gesto que é aprendizagem duma geração, foi o que importou.
Peço-lhe que não leia à letra a minha resposta ao seu comentário no Arroios. Não sou tão intolerante como posso parecer. Era uma generalização.
Grazza:
Não se preocupe; um bom desacordo é a melhor garantia de que as ideias não estão mortas e de que vale a pena pensar.
Um abraço e continue a aparecer.
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