O pássaro chamou-a de entre os ramos:
- Tu, ó miúda!
Aka parou.
- Quem te ensinou a arte da camuflagem não era lá grande espingarda, pois não?
- Não, creio que não.
Posso sentar-me aí ao pé?
O pássaro afastou-se para lhe arranjar lugar.
O pássaro afastou-se para lhe arranjar lugar.
Aka trepou pelo ramo principal.
- Nós, as mulheres - disse ela depois - se calhar, temos de aprender tudo sozinhas.
- Nós, as mulheres - disse ela depois - se calhar, temos de aprender tudo sozinhas.
Porquê?
- Com essas roupas, ainda chamas mais a atenção.
- Com essas roupas, ainda chamas mais a atenção.
Para te esconderes, tens de fazer como eu.
Atrás de um jornal, pensam que és lixo.
Ninguém quer saber do lixo.
- Mas eu não me queria esconder, sabes?
- Mas eu não me queria esconder, sabes?
Queria ser livre, queria ser bonita. Queria correr o mundo.
- Eras logo caçada.
- São eles quem me esconde nestas roupas.
- Pobre miúda!
- Eras logo caçada.
- São eles quem me esconde nestas roupas.
- Pobre miúda!
Pertences a uma reserva para caçadores ricos.
São as piores: engodam-nos, engordam-nos e depois, pás, pás, pás!
Caímos que nem os tordos.
- Tu não és um tordo?
- É um modo de falar. Não faço a mínima ideia.
- A mim disseram-me que nunca devia esquecer que sou.
- E tu não te esquceste. És tu.
- Sou. Eu sei que sou. Mas às vezes, não me lembro a tempo.
- Olha, fica com este jornal.
- Tu não és um tordo?
- É um modo de falar. Não faço a mínima ideia.
- A mim disseram-me que nunca devia esquecer que sou.
- E tu não te esquceste. És tu.
- Sou. Eu sei que sou. Mas às vezes, não me lembro a tempo.
- Olha, fica com este jornal.
Precisas mais dele do que eu.
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