Coisas que convém ter à mão para dizer ao seu terapeuta:
- É melhor dizer-lhe já, doutora: só cá vim para ganhar uma aposta com a minha mulher.
- Sou cem por cento normal, o que não sei é se isso é muito bom.
- Sonho muitas vezes que estou a estrangular o Carlos Queirós.
Acha mal, doutora?
- Estou a ver que a doutora tirou o curso em horário pós laboral!
- Estou a ver que a doutora tirou o curso em horário pós laboral!
Esse diploma é autêntico?
- Às vezes quando o estou a estrangular, transforma-se no Cavaco Silva.
- A coisa que mais me custa, sabe, é equilibrar-me de pé.
- Também faz perguntas dessas ao seu marido?
- Aquele quadro que tem ali é horroroso.
- Uma vez sonhei que estava a estrangular o Soares, mas acordei e fui tomar um duche.
- Sofro de Alzheimer desde perquenino, sabe?
- O desejável seria que nulla naturae phaenomena in hac confessione fuisse praetermissa...
mas, posso responder por escrito?
- A doutora joga bridge?
- Sonho muitas vezes que estou a estrangular o Cristiano Ronaldo.
Acha grave, doutora?
- Quando já não sei onde tenho a cabeça, vou lá às apalpadelas até achar a dor...
- Dessas coisas, não falo nem na presença do meu advogado!
- Sabe? Nunca me lembro daquela estrofe da Balada da Neve, cai neve não sei onde e cai neve noutro sítio qualquer.
- Ah! Ia-me esquecendo de dizer que sonho muitas vezes que estou a estragular a Amália Rodrigues, mas depois paro porque é a Nossa Senhora de Fátima.
Deve ser aquela coisa dos efes, sabe?
- Por vezes, o som das vuvuzelas é muito repousante.
- Já lhe disse que sofro de Alzheimer desde que fui à tropa?
- Acho que essa ampulheta está entupida.
- Sonho muitas vezes que estou a estrangular o José Sócrates. Será grave, doutora?
- Conhece aquele poema do Rilke:
- Conhece aquele poema do Rilke:
... les amants,
comme le mensonge les surprend
à l'heure des confessions?
- Não haverá por aí um livro de reclamações?
2 comentários:
A partir do "cai neve não sei onde ..." foi sempre a rir até ao fim! Parabéns Tacci por esse espírito.
Quanto às vuvuzelas, uma confissão aqui que ninguém nos ouve: a minha mulher, diz que as vuvuzelas lhe dão sono! Fazem-lhe lembrar o calor do Verão e as sestas no Algarve.
Também me diverti a escrevinhar este texto.
Um abraço.
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