como alguém que, de noite, numa rua mal iluminada, sentisse de súbito o cheiro do pão quente.
Com mais de mil nomes,
ninguém se devia espantar se Aka não se reconhecesse em todos.
Mas espantavam-se.
Espantavam-se que detestasse os mais vulgares,
aqueles em que as pessoas vulgares na sua vida teimavam,
como se ela fosse pertença de meras palavras,
a private joke de cada vulgaridade.
Algumas vezes, Aka reconhecia-se imediatamente.
Jaqui era o nome que lhe dava a doutora Wali,
a mãe velha que montara o pequenino hospital de mulheres onde a Aia a levara muitas vezes em criança.
"Não, Jaqui", dissera a médica: "Não és tu quem tem as alergias.
O mundo é que é alérgico a ti e não quer deixar-se tratar.
Vem ver-me só quando te apetecer uma coca-cola, combinado?"
Jaqui foi muitas vezes beber uma coca-cola com a doutora Wali
até que ela desapareceu,
levada por um projecto mais urgente,
uma dor do mundo mais aguda,
uma fractura,
uma ferida mais infectada.
Aka ficou a olhar as duas mulheres que se abraçavam,
a Jaqui era uma mulher alta, de meia idade,
a amiga era preta e muito bonita,
muito diferentes de Aka ou da doutora Wali,
mas, por um momento, sem se darem conta disso, espalharam uma pequenina onda de bem-estar por toda a rua.
O mundo, que é alérgico à felicidade, trouxe logo uma ambulância,
apertou-a no trânsito, deixou-a muito tempo a gritar a sua urgência.
Aka entrou na loja dos animais para comprar um peixinho encarnado.
Jaqui era o nome que lhe dava a doutora Wali,
a mãe velha que montara o pequenino hospital de mulheres onde a Aia a levara muitas vezes em criança.
"Não, Jaqui", dissera a médica: "Não és tu quem tem as alergias.
O mundo é que é alérgico a ti e não quer deixar-se tratar.
Vem ver-me só quando te apetecer uma coca-cola, combinado?"
Jaqui foi muitas vezes beber uma coca-cola com a doutora Wali
até que ela desapareceu,
levada por um projecto mais urgente,
uma dor do mundo mais aguda,
uma fractura,
uma ferida mais infectada.
Aka ficou a olhar as duas mulheres que se abraçavam,
a Jaqui era uma mulher alta, de meia idade,
a amiga era preta e muito bonita,
muito diferentes de Aka ou da doutora Wali,
mas, por um momento, sem se darem conta disso, espalharam uma pequenina onda de bem-estar por toda a rua.
O mundo, que é alérgico à felicidade, trouxe logo uma ambulância,
apertou-a no trânsito, deixou-a muito tempo a gritar a sua urgência.
Aka entrou na loja dos animais para comprar um peixinho encarnado.
5 comentários:
Cá me tens, Aka, sempre à tua espera. Desta vez, vens um pouquito mais recatada, menos expansiva. Mais sisuda. Compreende-se. Estás a crescer. Estás a descobrir o mundo que te chama como um apelo encantado. E vais dscobrindo que ele não é propriamente uma flor que se deva cheirar de muito perto.
Seja como for, Aka, ainda bem que voltaste. Bela como sempre.
Obrigado em nome da Aka, Jad.
Um abraço.
É meu o encanto e a gratidão também.
Abraço
eu volto a comentar depois, pois que Aka encantou-me e vou lá ler sua história desde o comecinho...
abraço grande
Andrea
Espero que a Aka não a desiluda e que a compreenda melhor do que eu.
Um abraço.
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