Pois é.
Azares umas vezes, sorte outras.
Cliquem aqui em baixo e logo vêem.
Graças a Deus não sou fundamentalista.
Quando digo que detesto a cultura americana, não acrescento que detesto os americanos cultos. Só detesto os ignorantes americanos ou russos, pretos, brancos, árabes ou judeus e, sobretudo, confesso-vos: os ignorantes portugueses. Mas esses, valha-me Deus, conseguirão ser artistas?
Não me estou a referir nem a prémios Nobel, nem, sobretudo aos sublimes e badalados Óscares da Academia.
Não tenho paciência para desmontar aqui um filme como, por exemplo, Milion dollar baby que ganhou quatro, nem menos.
Basta lembrar que é a história de uma jovem, acidentalmente branca, está bem de ver, que deseja subir na vida, deixar o seu empregozinho mixoruca. Nada de novo: também muitos de nós gostaríamos.
Sendo um filme de Clint Eastwood, porém, só a luta, o combate, a energia física a poderão guindar às alturas do sonho americano. A jovem envereda pela nobre arte; podia ter ido para uma universidade, por exemplo. Ou para uma escola de arte. Mas não: vai para um ginásio de boxe, como se a ascensão na sociedade, como se a realização pessoal dependessem dos murros que se consegue dar.
Cuidado porém: a traição espreita. Uma adversária, acidentalmente negra, está bem de ver, ataca-a à traição, pelas costas, malevolamente, já depois de o gong ter interrompido o round e o árbitro ter mandado as adversárias para o seu canto.
[Onde é que eu já vi este tipo de ideias (se de ideias se tratar)? Tenho de rever um ou outro político de que fui ouvindo falar: Poujade, por exemplo. Ou um tal Le Pen... Ou um cineasta holandez, creio...]
Mas este post, inicialmente, era sobre outra coisa. Era sobre os Simpson, que, para mim, juntamente com o L'l Abner de Al Capp, representaram sempre o melhor que a América teve e vai tendo: a capacidade de se ver a si mesma com olhos mais impiedosos do que os dos seus piores inimigos.
E justamente, os autores dos Simpson encomendaram, segundo julgo ter percebido, uma nova abertura para os seus episódios a um inglês, o graffiter mais famoso do mundo e, acrescente-se, também o mais politizado: Banksy.
A Twentieth Century Fox, porém, ciosa dos seus direitos, tem-nos impedido de ver a magnífica caricatura que resultou desse encontro de criadores. É só uma censurazinha. Não chega a ser o pior da cultura americana. Há mais e bem mais agressivo.
Mas é incómodo. Tenho perseguido o filmezinho pela internet e, de cada vez, me dizem que o vídeo não está disponível para a minha área, ou que foi desactivado por este ou aquele motivo. Outras vezes reaparece. A última vez que o consegui ver foi no Gawker, porque aqui ainda não estava de volta. Julgo que agora estará.
Experimentem aqui no Portugal, Caramba! ou vão até lá. Pode ser que tenham sorte.
6 comentários:
Já não vim a tempo!
Experimente de novo, Graza.
Às vezes é como no sete e meio: a sorte muda.
Um abraço.
Vi o filme gostei muito e muito.
Sim é uma branca contra uma preta mas também existe um preto que juntamente com um branco a leva aonde chegou.
Não é para mim esse o sentido do filme.
A alma dele está no acto daquele que a criou a matar e não ser esta uma morte poética mas sim por não aguentar ver a decomposição do corpo outrora cheio de vida e agora inerte.
É um poema á eutanásia.
Tem razão, saíu-lhes o tiro pela culatra com este Banksy. Mas a censura àquela nova abertura, faz parte da autocensura instituida - não é uma coisa imposta - em todos os meios de comunicação, e é este sistema que faz com que os americanos desconheçam questões básicas graves da relação da sua nação com o resto do mundo.
Alexandrino:
Receio não poder ver o filme do Eastwood como o vês.
Nos filmes e séries da indústria americana há sempre, o «preto bom» de serviço, (tipo "olhem lá, olhem que eu não sou racista, ouviram?") e o «preto mau». Morgan Freeman é o «preto bom», o que em muitas séries leva um tiro e morre na defesa da justiça. Eu, que sou bastante céptico nesta coisa das intenções, tendo a ver nisso a «vontade de matar o outro», o diferente, cigano, judeu, negro, seja o que for, que só pode, como nos sonhos, realizar-se sob uma capa desculpabilizadora.
Claro que aceito a possibilidade de a morte final da Maggie ser uma defesa da eutanásia.
Mas fica-me a dúvida se não será antes o «coup de grâce» que se dá a um camarada de armas mal ferido - ou a um inimigo, não esqueçamos de que é uma mulher, e quem mata é um homem.
O machismo de autores como o Eastwood vem, muitas vezes, tingido de misoginia.
Será o caso?
Um abraço e discute sempre.
É verdade. Mas como,por outro lado, esse desconhecimento básico acaba por criar espaços de liberdade verdadeiramente espantosos (como este que estamos a utilizar e que nos permitiu recuperar o filmezinho) há que ir aproveitando o melhor possível, não é?
Outro abraço.
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