No grupo havia um indivíduo extra-bisonho, Zé de nome e Rudolfo por alcunha. Fumava sem parar, além do que rosnava, comentários imprecisos. Uma vez por mês tinha um ataque de fúria animal e espatifava quanto houvesse a espatifar - antes que alguém metesse ali ponto final, no queixo ou em qualquer outro interruptor dessas correntes. A presença dele onde quer que fosse parecia provir da responsabilidade do Gaspar, exclusiva. Um dia perguntei: «Porquê o Rudolfo?» «Bem», disse o Gaspar. «Eu nunca faria o gajo, mas está vivo, não? Então? Tem de circular.»
Nuno Bragança, A noite e o riso
2 comentários:
Tacci, você é fantástico!
Uma obra por encomenda não é para todos...ainda faz com que eu fique vaidosa :o)
Hoje fui para Lisboa e claro tinha que entrar numa livraria e trazer uma qualquer preciosidade comigo. Não encontrei este , mas também pedi o riso da noite!!!
Bem acho que o que escolhi não foi má escolha. Valha-me isso.
Mil vezes obrigada.
P.S. - Posso depois tirar o chinês para o pôr no meu blog um dia destes?
Vaidoso fico eu, Gi, mesmo se vou fazer os possíveis para que não se note muito. Por isso não tem nada que agradecer.
Foi uma pena não ter encontrado o livro do Nuno Bragança. Há muito tempo que não tropeço nele quando percorro as estantes dos autores portugueses. Nem nele nem, por exemplo, nos livros do Paulo Castilho, de quem também gosto muito - e que, um dia destes, há-de aparecer por aqui. Suponho que sejam autores pouco rentáveis, condenados ao esquecimento pelo mercado. Que havemos de fazer? Decorar um livro como no "Fahrenheit 451" do Ray Bradbury? Pode ser uma solução...
E claro, está convidada a tirar o que lhe apetecer, seja o japonês, seja qualquer outro boneco.
Um abraço e bem haja pelas suas palavras.
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