sábado, dezembro 01, 2007

Ingrid Betancourt

Gosto da palavra «compaixão».
Mais ainda do que de «simpatia», mesmo se significam exactamente o mesmo: sofrimento comum, comunidade de sentimentos, sentir em conjunto com...
E mesmo se «simpatia» também é uma palavra muito forte.
Mas «simpatiza-se» com uma colega de trabalho, com um político em destaque - embora eu ache difícil - ou com um publicista como o Vasco Pulido Valente.
Com Ingrid é forçoso que o que sentimos seja num grau mais elevado. Tem de ser a compaixão.
No meu imaginário, compaixão aparece acompanhada de respeito, de ternura. Não sei nada das suas ideias. Ignoro se é ou foi marxista, católica, liberal, populista ou uma mistura de tudo isso como acontece frequentemente na América Latina. Olho para as mãos dela, estragadas pelo trabalho pesado, imagino tudo aquilo a que as estratégias de sobrevivência a terão obrigado e sinto compaixão.
É o que mais próximo existe da irmãdade com a mulher orgulhosa e combativa que já foi. Com a mulher destroçada da imagem. Com a resistente orgulhosa que espero que volte a ser.
Com Ingrid Betancourt.

2 comentários:

ana disse...

"Compassion is a hard-won state of being. Much more than a feeling, compassion is a choice to view suffering is a universal experience. This means viewing illness, loss, and even death as human experiences that are bearable with support. This helps us remain calm and keep our hearts open, and we become able to sit with someone in great physical or emotional pain. Compassion bridges the distance between people often created by suffering. This is not comfortable to do, as we must acknowledge their problems might reflect our own future."
Sim, compaixão nada tem a ver com simpatia:
"Although sympathy is a form of caring, it implies pity. We express concern and ask what we can do, yet are grateful their problems are not ours. This perpetuates the fear that we couldn’t bear the same situation, and keeps us wanting to avoid the truth of their experience. While it is natural to feel sympathy when someone is hurting, there is little sense of what to offer as meaningful support."

tacci disse...

Não será uma questão de grau? Originariamente "compaixão" é apenas a mesma palavra, adaptada directamente do grego "simpatia" pelos latinos.
Depois, de algum modo, o sentimento de "compaixão" intensificou-se. Mas creio que, no fundo, são o mesmo.
Um abraço.