"O homem experimentou o funcionar do V0lkswagen encarnado fazendo slaloms por entre os outros veículos. Ele sente a cidade a apertá-lo como um polvo. [...] Pensa: «Nasceste sozinho como todo o puto, vais morrer sozinho como todo o homem. Qual é a novidade?»
Ib, p. 354
Não é, visivelmente, a obra completa, mesmo considerando que se restringe aos anos que vão de 69, ano da publicação de A noite e o riso até à morte do Nuno Bragança.
Estou firmemente convencido de que estará para sair um segundo volume, talvez com o restante da obra literária se, por exemplo, no Jornal Encontro, da então Juventude Católica, houver outros textos a pedirem urgentemente para serem recolhidos.
Mas, o Nuno Bragança foi ainda colaborador de jornais, escreveu crónicas, por exemplo, para o Jornal do Fundão. E os textos com que colaborou na revista O Tempo e o Modo, de que foi um dos fundadores? Certamente que merecem publicação aos olhos da renovada Dom Quixote. Não posso crer que a Editora, que pertence agora a um mega-grupo editorial (daqueles de que fala o João Aguiar em O priorado do cifrão?) se limite a aproveitar o que está mais acessível para fazer um lucrozinho fácil.
Se está encommendado estudo sério sobre todas essas escritas e se a Dom Quixote tenciona publicar esse livro - pelo qual nós lhe ficaríamos eternamente gratos - então porque não decidiu a editora escrever honestamente que neste primeiro volume se coligia apenas a obra literária? E porque não se anuncia desde já o adiantamento que leva já esse estudo e, vá lá, uma estimativa do tempo que demorará?
Posto isto: já foi bom que alguém se tenha lembrado de reeditar aquilo que já não era fácil encontrar pelas livrarias e alfarrabistas. O resto, paciência, irmãos: um dia há-de chegar.
6 comentários:
que a D. Quixote te leia.
Já foi bom, pois. Mas desde quanto te contentas com o que já foi?. E não me respondas que sempre é melhor do que nada. Porque é, mas não se admite.
o anónimo tem toda a razão
Ana e Anónimo:
Têm vocemecêses toda e toda a razão.
O que a colectânea tem de óptimo é só a escrita do Nuno Bragança. Tudo o resto é medíocre ou mesmo nulo: não há uma introdução à obra, nem ao autor. Não há notas explicativas que orientem leitores mais jovens. A nota biográfica limita-se às badanas e diz o que toda a gente já sabia e que, se não sabia, não fica a perceber.
Quando eu digo que «já foi bom», não refiro qualidade, nem a bondade da editora. Refiro só que é útil para quem gosta de ler um grande autor.
Abraços.
Mas eu gosto é do boneco.
Eduardo, sejas bem aparecido e obrigado.
Um abraço.
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