Este post anda por aqui atravessado há já um bom par de dias.
Porquê, vejam se percebem.
Nós aqui, no Portugal, Caramba! estamos no ar - uma expressão vinda da rádio - tipo, há três anos inteirinhos.
Desde o dia 6 de Outubro de 2006.
Impunha-se uma comemoração, claro, com pastéis de bacalhau e uns decilitros, azeitonas, queijinhos de Évora e mais decilitros, bagaceira e charutos.
Mas não seria a altura de perguntar: «que diabo estamos nós aqui a fazer, caramba?
Tínhamos um propósito quando começámos. Como a natureza é vária, não publicámos nenhuma carta de intenções e ainda bem; mas queríamos compreender «como é que chegámos aqui».
Durante algum tempo foi a nossa preocupação: português, sim, mas o quê?
Onde e quando começámos a ser os pequenotes convencidos de que inventávamos alguma coisa quando dizíamos «cozido à portuguesa», ou mesmo «socialismo à portuguesa»? Quando nos extasiávamos perante a Torre de Belém e revirávamos os olhos exclamando «ah! como são lindas as margens do Mondego»?
Para amadores como nós, a melhor via, em calhando, seria a literatura.
Percorremos os alfarrabistas em busca de escritores portugueses (quanto mais «carambistas!», melhor).
Lemos e demos conta de autores que, na melhor das hipóteses já ninguém lê, na pior, de quem nem sequer se ouviu falar. Intervalámos com outros, mais conhecidos ou mais recentes, desde o Gomes Leal até ao Nuno Bragança.
E como somos apaixonadamente leitores de histórias, todas as histórias, mesmo em quadradinhos; e como somos obsessivos contadores de historinhas, todas as historinhas, mesmo as mais tolas, decidimos acompanhar cada post com um desenho.
E temos cumprido, caramba!
Ao fim de trezentos e quarenta e cinco entradas, fizemos duzentos e setenta (270) desenhos, recuperámos das gavetas e cadernos mais quarenta (40), copiámos daqui e dali (capas de livros, ou assim) uma dúzia e meia (18); fotografias com a devida vénia, isso é que foi pouco: vinte e duas (22). Tudo isto mais ou menos, está bem de ver. Quem quiser que conte melhor.
Mas deu trabalho, pois deu.
E ao fim e ao cabo, talvez a ambição fosse desmedida, mas continuamos a não perceber como foi possível «chegarmos aqui».
E ao fim e ao cabo, talvez a ambição fosse desmedida, mas continuamos a não perceber como foi possível «chegarmos aqui».
Aqui, irmãos! Aqui.
Não nos referimos, como seria de esperar, à pobreza, à insignificância deste rectângulozinho de que até o Alberto João faz troça: não é isso que importa.
O facto é que por cá andamos há oitocentos anos, sempre em crise, com fomes e pestes, sempre com leis salvadoras como a das Sesmarias, sempre com ideias miraculosas como a Índia ou os oiros do Brasil, as colónias e a CEE. E ainda estamos entre os trinta países mais ricos, mais livres, mais tudo o que nos apetecer, do mundo inteiro.
E, em vez de nos ajoelharmos e agradecermos ao Senhor, ao acaso, à geografia, à divindade mais do vosso agrado, arrepelamos os cabelos, choramos em grande grita.
Porquê?
Para quê?
É isto Portugal, caramba?
Pois. Estamos em crer que é.
7 comentários:
Vale o autoretrato desenhado em sentido próprio. Bastante bom.
Badesse
...então e não foi obra a deste Portugal, Caramba!? Por mim foi. Viva Portugal, Caramba!
Viva! Viva!
Obrigado, meu caro Badesse. É mais um daqueles célebres casos de auto-retrato feito pelo próprio... (ia a dizer artista, mas modéstia não mo permite, hélas!)
Graza e Jad:
Obrigado, obrigado!
Então...Parabéns!!!
Três aninhos inteiros sem a asfixia democrática, ou o Sócrates, te descobrirem...é obra!
Pois é Gamesh:
Eu também dou pulinhos no meu canto, «olhem p'ra mim, olhem p'ra mim, eu também digo mal de toda a gente», mas qual o quê? Nem a Asae, nem a D. Estrela Serrano nem o ministro Santos Silva, ninguém me liga!
Não é injusto?
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