sexta-feira, novembro 27, 2009

Ó freguês, vai um sapatinho?

Quem não tem cão, caça com gato, não é o que se diz?
Eu, ainda bem que tenho cão, que essa história de andar aos tiros aos coelhos que andam lá na vida deles, nunca fez o meu género.
E não sendo eu um equilibrista, como o Dr. Barroso, essa coisa da Comissão Europeia também não me entusiasma muito.
O que me atrai, palavra, é o mundo dos negócios.
Já tenho meia dúzia cá na forja, vão ver se um dia destes não fico ainda mais milionário do que o Tio Belmiro.
Senão, veja-se: arranja-se uma tenda e vai-se de feira em feira com um monte de sapatos velhos (sugestão, para que conste, da autoria do Marreta e que podem encontrar nas caixas dos comentários algures lá para trás), fisgas e pedras, elásticos e bilhetinhos.
Por um euro, por exemplo, o cliente tinha direito a um sapato ou três pedradas num retrato à escolha.
Vinha um e dizia:
- Olhe, dê-me aí a Manelinha...
A gente, como qualquer bom negociante, acudia:
- Com certeza, tem V. Exª. muito bom gosto. E prefere a fisga, o sapato ou quer mandar bilhetinhos com recados?
- Bof... hoje vou pelo sapato. Já lhe mandei recados por causa do estatuto da carreira docente e viu-se!
E zás! Sapatada em cheio.
Vinha outro e pedia o Sócrates, o engenheiro.
- Ah! mas esse temos pena, só logo à tarde. É que sabe, tem tido muita procura, coitado ficou cheio de buracos. Estamos a pôr-lhe uns remendos, a ver se ainda se aguenta. É que é mau para o negócio, sabe? Se ele se vai abaixo, perdemos mais de 65% da clientela...
- Olhe, então dê-me aí uns bilhetinhos de amor.
- Muito boa escolha. Temos aqui a Penélope Cruz, a Maribel Verdú...
- Não, não. Eu quero é aquela, a Roseira...
- V. Exª. é que sabe... Mas olhe que bilhetinhos de amor a políticos, primeiro é muito mais caro. E depois, é que nunca se acerta.
E pronto. O negócio é este.
Aceitam-se sócios, de preferência com as duas coisas que a mim sempre me faltaram: o capital, que nunca houve. E a vontade de trabalhar, vamos lá que também nunca por cá abundou.

7 comentários:

jad disse...

Não haja dúvidas, Tacci, ideias não te faltam! E humor também não.
Se tivesse capital investia no teu negócio até à sua internacionalização em franchising. É que ia ser cá um império! Viva o "Império da Fisga"!

Graza disse...

:))))))))

Muito bem visto! Só me espanta não esteja ainda rico com tanta queda pró negócio...

tacci disse...

Jad,
Também tens umas ideias!
O problema é que a gente aqui no Portugal, Caramba! continua anti-imperialista. Que é que queres?
São os maus hábitos que se trazem da juventude.
Mas sempre podemos trocar o império por um barril de imperiais (com os respectivos tremoços: também eles se deixam atirar muito bem com uma fisga digital).
Que dizes?

tacci disse...

Mas eu sou riquíssimo, Graza.
Tenho para aí ums arcas cheias de ideias, mais delirantes umas do que outras, e que só não ponho no banco para não criarem bolor. Até já tinha pensado em abrir eu próprio um banco de ideias delirantes (mas arejadas) e depois emprestava-as a juros. Tipo:
«Levas uma ideia delirante?
Tens de trazer duas, pelo menos, até quarta feira.»
Eu sei que era usura, mas quando o Constâncio desse por isso, já nós tínhamos tudo numas offshore apropriadas.
Está a ver.
Nem o Tio Belmiro.

tacci disse...

Kaotica
Seja bem aparecida.

jad disse...

Digo que sim, claro! Eu levo a fisga, tu escolhes o alvo, topas?
Abraço

tacci disse...

Jad:
Já não há democracia?
Também quero levar fisga.
E não podemos escolher os alvos a meias?
Agora, que gostava propor alguns, lá isso gostava.