
segunda-feira, fevereiro 26, 2007
Os Portugueses, Caramba!

quinta-feira, fevereiro 22, 2007
Sem Título

terça-feira, fevereiro 20, 2007
Os defeitos do infiel
Caminhamos dous dias com a maior pressa que nos foi possiuel, posto que com trabalho, por razão das neues que neste logar começauâo a se passar com difficuldade; se não quando a outro dia pella menhâa chegaram a nós outros tres serranos, mandados pelo Gouernador da terra com grandes ameaças e medo aos que nos guiauão, se fossem mais por diante; dizendolhe que sua molher e filhos ficauão em estreita prizão, e seu fato confiscado; e se não voltasse, auião de morrer todos; e a mim com varias ameaças e medos, procurarão amedrontar, dizendo que meu companheiro, que estaua na aldeia, passaria muito mal, se eu logo não voltasse; e o fatinho que tinhamos, seria tomado por perdido, e sobre tudo que auia de morrer infalivelmente, se hia por diante, por não ser ainda tempo de passar aquelle deserto, com outras muitas cousas e espantos desta calidade. O serrano que nos guoiaua, voltou logo; e eu como tinha todas as informaçoens do caminho, me fui por diante com dous moços, por não se atreuerem tres que tinhão vindo a mais, que a nos mouerem com palauras. Inuocado o nome de Jesu e ajuda do Senhor, continuamos por diante; porém o trabalho que passamos foi muito excessiuo, porque nos acontecia muitas vezes ficar encrauados dentro na neue, hora até os hombros, hora até os peitos, de ordinario até o joelho, cançando a sair asima, mais do que se pode crer, e suando suores frios, vendonos não poucads vezes em risco de vida; muitas vezes nos era necessario ir por cima da neue com o corpo, como quem vai nadando...quarta-feira, fevereiro 14, 2007
As margens do Mondego

sábado, fevereiro 10, 2007
Manuel Ribeiro (1878 / 1941)
Ao "Deus não existe ou é cego", de Raúl Brandão, teremos, quem sabe, de acrescentar que, a não ser nenhuma dessas coisas, então está de má fé, como o homem que fez à Sua semelhança.Na década de 20, a sua trilogia social, A Catedral, O Deserto e Ressurreição, alcança um êxito inesperado ao traçar o percurso de Luciano, um arquitecto apaixonado pelas vetustezas da Sé de Lisboa, desde a arte da pedra até Deus.
quinta-feira, fevereiro 08, 2007
Os Vínculos Eternos

terça-feira, fevereiro 06, 2007
AVISO:
A todos os bloguistas que costumam ser visitados por nós, se faz saber que, por motivos alheios à nossa vontade, a electrónica não tem permitido deixar os comentários que, por vezes, apetecia fazer.domingo, fevereiro 04, 2007
Um "emalho" do Sérgio de Sousa

«... a partir de meados do século que findara, nas grandes cidades do sul da Europa, cresceu significativamente o número das famílias constituídas por um casal e seus, poucos, filhos. A mulher passou a trabalhar também fora de casa, em escritórios. Num primeiro período cumulou sozinha o trabalho doméstico com o que exercia fora; a seguir, o homem foi chamado a colaborar na chamada lia da casa, primeiro como auxiliar, depois com responsabilidade em trabalhos repartidos.
A partir de então, lentamente passou-se a tentar atenuar as diferenças na educação entre a dirigida a filhos e filhas. Em casa todos tinham de contribuir para os desempenhos imprescindíveis à vivência comum: numa semana cabia ao filho por a mesa e á filha lavar a loiça, na semana seguinte estes papéis invertiam-se.
Sair á noite para se divertir deixou de ser uma prerrogativa exclusivamente masculina.
Não foi sem resistências que o modelo principiou a instalar-se, não sendo naturalmente do agrado dos rapazes, antes isentos das obrigações que impunha, mostrando-se por vezes as raparigas demasiado intolerantes quanto à mínima infracção que lhes fosse desfavorável, a realidade era que os próprios pais que procuravam impô-lo traziam incutidos hábitos que lhe eram contrários.
Franqueados às massas de raparigas da classe média o ensino secundário e posteriormente o superior, às que concluíam os estudos, empregos no sector terciário, elas logo compreenderam a oportunidade de se libertar de dependências seculares. Por instinto, protecção dos filhos, escolherão parceiros que acreditem lhes lhes conferirão segurança, mas ganharam confiança em si próprias, na sua capacidade de se sustentarem, de não terem de se precipitar em escolhas, de poderem corrigir passos em falso. Acedem com mais facilidade do que os rapazes às faculdadesa, tornam-se aí em maior número, obtêm boas notas.
Olham em volta. Vêem um mundo ainda dominado por homens em lugares chaves, mas vêem também que todos os dias uma mulher atinge um posto cimeiro, e isso inevitavelmente constitui um estímulo para todas.
Chegaram, numa parcela só do velho mundo, apenas para as integrantes de um estrato social, por enquanto, tempos de emancipação feminina.
E quanto aos rapazes que coabitam no mesmo meio? Há que reconhecer algum descalabro. Perderam o modelo, ainda não o substituiram, não sabem o que fazer com as suas vidas. Os seus pais não são mais os senhores ociosos credores dos prazeres terrenos. São seres que todos os dias cedem privilégios face ás reivindicações femininas, perdem espaços, autoridade, autonomia. Muitos rapazes olham para tudo isso com uma sensação de desamparo e de revolta.
Os machos acomodaram-se numa soberba que, quando as fêmeas lha não acalentam, os deixa desorientados.»
Sérgio de Sousa, Na boda


