Nove meses no fedor, depois nas faixas,
por entre crostas, beijocas, lagrimonas.
Depois à trela, na andadeira, em camisinha,
pára-turras na testa, cueiros por calções.
Depois começa o tormento da escola,
o á-bê-cê, a vergasta e as frieiras,
a rubéola, a caca na cagadeira
e um pouco de escarlatina e de bexigas.
Depois o ofício, o jejum, a trabalheira
a pensão a pagar, as prisões, o governo,
o hospital, as dívidas, a crica,
o sol no verão, a neve no inverno...
E por último - e que Deus nos abençoe! -
vem a morte e acaba no inferno.
G. G. Belli, 1833
Tradução de Alexandre O'Neill, que, por seu lado, escreveu:
O Enforcado
No gesto suspensivo de um sobreiro,
o enforcado.
Badalo que ninguém ouve,
espantalho que ninguém vê,
suas botas recusam o chão que o rejeitou.
Dele sobra o cajado.
3 comentários:
Ó autor! Então eliminou a sua mensagem?
Francamente! E eu a julgar...
(...)"por outro lado, a própria escolha dos textos e autores a traduzir tem a ver vom os gostos, as perspectivas e as preocupações de cada poeta-tadutor, pelo que é rica em informações acerca das suas próprias obras(...)" Maria Eduarda Keating, TRelâmpago. Revista de Poesia nº 17 10/2005 Fundação Luis Miguel Nava
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