Bem visto Tacci!...Mas eu poria ali uma pequena orquestra de câmara, para a clique ficar melhor representada. Como agora dei em "invejoso social" deu-me para comprar o 24 Horas d'hoje, e já tinha vindo das misérias lidas na Visão: horrivel, tanto milhão concentrado em meia dúzia de cigarras que andamos a alimentar desta forma. Ciclicamente.
Agrada-me imaginar as formiguinhas descendo a avenida e o Zé Afonso a cantar "mudem de rumo, mudem de rumo, já lá vem outro carreiro".
Com a devida vénia, se orquestra houvesse teria que ser sinfónica, tantos são os músicos e instrumentos que têm vindo a ser tocados!...E, claro, com maestro titular e aspirantes.
Tacci, estás a ficar cada vez mais no traço essencial. Boa! jad Estás
Tinha ali no leitor de CD a Cristina Branco a cantar justamente isso enquanto fazia o boneco. Confesso que estas eleições me deixaram francamente zangado, não sei bem porquê. Como não sou do PS e não gosto nem um bocadinho do estilo socratino, devia estar satisfeito, não era? Mas acho que não gostei de ver o meu país.
Lembras-te de "Acordai" das canções heróicas de Lopes Graça? Pois é, acho que anda muita gente a dormir na forma à espera... "e veio a velha e zás! comeu-a!".
Este é o país de que César dizia: "Há nos confins da Ibéria um povo que não se governa nem de deixa governar". Queres melhor?! jad
Jad: Como é essa história do "veio a velha e zás"? Quanto ao povo não se deixar governar, acredita, até acho bem. Que governe as suas coisas tão mal é que é francamente catastrófico.
Acho Tacci, que na música como noutras escolhas de qualidade que fizemos, saimos sempre valorizados quando mostramos o que é genuinamente nosso. Não adianta formatar global, isso é que todos fazem.
Quanto ao nosso país, a mentalidade da nossa gente vive de uma eterna consequência dos mais diversos feudalismos de que tem sido vítima, alguns vão-se libertando, mas há outros a aproveitar um medo ainda residencial que existe neles. Este país faz-me lembrar aqueles piões que giravam numa rotação diferencial, até que lá caíam num estretor de piruetas, enquanto outros continuavam a rodar certinhos, mas acabavam num fogacho rápido tombados para o lado. Conclusão: acabamos como os outros, chegamos é mais tontos ao fim.
É um excerto que me assalta a memória quando a gente se demora na espera distraída e inactiva. Vem de um poema de Mário Henrique Leiria, que vi pela primeira vez no manual do 10º ano de Neves Vicente. É dos Contos do Gin Tonic:
"RIFÃO QUOTIDIANO
Uma nêspera estava na cama deitada muito calada a ver o que acontecia chegou a Velha e disse olha uma nêspera e zás comeu-a é o que acontece às nêsperas que ficam deitadas caladas a esperar o que acontece".
Permita-me, Graza, um pormenor: na minha aldeia, quando jogávamos ao pião, fazíamos uma roda no chão(a imitar uma circunferência, ou uma arena, ou um campo de combate, sei lá o que nos ocupava o inconsciente!) e lançávamos lá os piões. O objectivo era fazer com que saíssem do circo (outra possibilidade para a roda...). porque os que caíssem dentro, ali ficariam até que o jogo acabasse ou outro pião os empurrasse para fora da prisão (outra designação possível também...). O problema era que enquanto lá ficassem estavam sujeitos às sucessivas aguilhoadas dos piões que eram lançados em revoadas sucessivas, uns (os amigos) para tentar tirá-los de lá, outros (os adversários) para tentar acertar-lhes. Ao bico dos piões chamávamos aguilhões porque eram grandes pregos afiados que quando acertavam em cheio no infeliz pião que estava deitado ou adormecido, como dizíamos dos piões que rodavam perfeitos sobre si mesmos, abria-o em dois e ... zás!... era a festa de uns e a desgraça zombada de outros.
É que nem todos os piões davam todas as voltas. Alguns eram "escachados" enquanto rodavam. Ou dormiam!
11 comentários:
Bem visto Tacci!...Mas eu poria ali uma pequena orquestra de câmara, para a clique ficar melhor representada.
Como agora dei em "invejoso social" deu-me para comprar o 24 Horas d'hoje, e já tinha vindo das misérias lidas na Visão: horrivel, tanto milhão concentrado em meia dúzia de cigarras que andamos a alimentar desta forma. Ciclicamente.
Vai-me desculpar, mas vou levar-lhe o boneco sem autorização. Devolvo se fizer questão!
Agrada-me imaginar as formiguinhas descendo a avenida e o Zé Afonso a cantar "mudem de rumo, mudem de rumo, já lá vem outro carreiro".
Com a devida vénia, se orquestra houvesse teria que ser sinfónica, tantos são os músicos e instrumentos que têm vindo a ser tocados!...E, claro, com maestro titular e aspirantes.
Tacci, estás a ficar cada vez mais no traço essencial. Boa!
jad
Estás
Graza, esteja à vontade.
Ainda bem que gostou.
Tinha ali no leitor de CD a Cristina Branco a cantar justamente isso enquanto fazia o boneco.
Confesso que estas eleições me deixaram francamente zangado, não sei bem porquê. Como não sou do PS e não gosto nem um bocadinho do estilo socratino, devia estar satisfeito, não era?
Mas acho que não gostei de ver o meu país.
Lembras-te de "Acordai" das canções heróicas de Lopes Graça? Pois é, acho que anda muita gente a dormir na forma à espera... "e veio a velha e zás! comeu-a!".
Este é o país de que César dizia: "Há nos confins da Ibéria um povo que não se governa nem de deixa governar". Queres melhor?!
jad
Jad:
Como é essa história do "veio a velha e zás"?
Quanto ao povo não se deixar governar, acredita, até acho bem. Que governe as suas coisas tão mal é que é francamente catastrófico.
Acho Tacci, que na música como noutras escolhas de qualidade que fizemos, saimos sempre valorizados quando mostramos o que é genuinamente nosso. Não adianta formatar global, isso é que todos fazem.
Quanto ao nosso país, a mentalidade da nossa gente vive de uma eterna consequência dos mais diversos feudalismos de que tem sido vítima, alguns vão-se libertando, mas há outros a aproveitar um medo ainda residencial que existe neles. Este país faz-me lembrar aqueles piões que giravam numa rotação diferencial, até que lá caíam num estretor de piruetas, enquanto outros continuavam a rodar certinhos, mas acabavam num fogacho rápido tombados para o lado. Conclusão: acabamos como os outros, chegamos é mais tontos ao fim.
É um excerto que me assalta a memória quando a gente se demora na espera distraída e inactiva. Vem de um poema de Mário Henrique Leiria, que vi pela primeira vez no manual do 10º ano de Neves Vicente. É dos Contos do Gin Tonic:
"RIFÃO QUOTIDIANO
Uma nêspera
estava na cama
deitada
muito calada
a ver
o que acontecia
chegou a Velha
e disse
olha uma nêspera
e zás comeu-a
é o que acontece
às nêsperas
que ficam deitadas
caladas
a esperar
o que acontece".
Permita-me, Graza, um pormenor:
na minha aldeia, quando jogávamos ao pião, fazíamos uma roda no chão(a imitar uma circunferência, ou uma arena, ou um campo de combate, sei lá o que nos ocupava o inconsciente!) e lançávamos lá os piões. O objectivo era fazer com que saíssem do circo (outra possibilidade para a roda...). porque os que caíssem dentro, ali ficariam até que o jogo acabasse ou outro pião os empurrasse para fora da prisão (outra designação possível também...). O problema era que enquanto lá ficassem estavam sujeitos às sucessivas aguilhoadas dos piões que eram lançados em revoadas sucessivas, uns (os amigos) para tentar tirá-los de lá, outros (os adversários) para tentar acertar-lhes. Ao bico dos piões chamávamos aguilhões porque eram grandes pregos afiados que quando acertavam em cheio no infeliz pião que estava deitado ou adormecido, como dizíamos dos piões que rodavam perfeitos sobre si mesmos, abria-o em dois e ... zás!... era a festa de uns e a desgraça zombada de outros.
É que nem todos os piões davam todas as voltas. Alguns eram "escachados" enquanto rodavam. Ou dormiam!
"Chegou avelha
[...]
e zás, comeu-a".
jad
Já percebi, o nosso rodar desconchavado é uma mais valia neste jogo de piões: têm dificuldade em dar-nos bicadas!...
Exactamente!
Penso até que é isso que nos faz sermos tão maus na planificação e tão bons no desenrasca.
jad
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