sexta-feira, junho 19, 2009

Subsídios para o Livro de Aka (XIX)



- Aka, há destinos como o teu.
Estão muito para lá do bem e do mal.
Passam por sítios proibidos onde um passaporte é só um pedaço de papel, sítios onde nem todo o oiro do mundo te resgatava a alma, quanto mais esse corpo que nem para a cama serve.
Sítos onde só contam as minas, as balas, os arames farpados.
Mesmo com catorze anos, Aka, já devias ter percebido porquê.
- Não tenho de perceber, Aia, e não quero perceber.
Para lá do bem e do mal, como tu dizes, o meu Deus ensinou-me que não há nada.
Continuas a não ter direito nenhum de me bater.
- Não te faças mais parva do que és, Aka.
Tenho todos os direitos, estou aqui em nome da violência.
Julguei que já tinhas entendido: eu não sou a tua mãe, Aka.
Sou a tua carcereira.

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