quinta-feira, junho 04, 2009

Subsídios para o Livro de Aka (XVIII)



Não era anormal dirigirem-se a ela;
o guarda-costas limitava-se a vigiar, lá de longe.
- Não olhes as pessoas nos olhos. - ralhava a Aia.
Mas Aka nascera assim, perguntadora.
Os olhos, castanhos ou verdes, conforme a luz, inquisidores, captavam tudo e todos.
Deixavam-se captar por todos e por tudo.
O mágico tirou do turbante uma rolinha branca, depois olhou em volta, fê-la desaparecer nas mãos de um jovem de cabelos para a testa, em seguida pegou nas de Aka, colocou-lhe a direita em concha sobre a esquerda:
- Ah-ah! Voilá notre petitte voleuse! Quer mostrar-nos o que tem aí escondido?
Aka sentiu cócegas na palmas das mãos, como se um animalzinho crescesse e lutasse para sair.
Quando as abriu, a aranha sentiu-se livre, saltou para o chão.
Houve gritos, gente em fuga, uma rola branca voou.
O skin da grande barriga tentou com a bota, uma vez e outra, esmagar a aranha assustada.
Com as suas grandes patas, correu por entre pés de gente e de cadeiras.
Num instante surgiu um grupo para dar caça à "tarântula" e outro para defender os direitos da pobre «bestiole assustada».
Não viram o mágico curvar-se profundamente, mãos postas diante do rosto.
- Posso saber o nome daquela a quem devo ter visto um milagre? - perguntou ele.

5 comentários:

Anónimo disse...

Misterioso o destino humano, nao e?
Bravo, Tacci! Esta historia esta encantada! E encanta.
jad

tacci disse...

Obrigado.
Estou a precisar de uma semana de exílio por entre as penadias da Gardunha, por exemplo, para pensar no resto.

Anónimo disse...

Ou no Alto das Fragas!
jad

tacci disse...

Não sei, não.
Pinta-me que no Alto das Fragas passaria os dias à conversa, com um copo de tinto numa mão e um petisco na outra e não faria muito mais...
Acertei?

Anónimo disse...

À sombra do carvalho!
Grande palpite!
jad