A vida na Beira Interior foi sempre muito dura. Contam as pessoas mais antigas que, muitas vezes, o jantar era uma malga de feijão pequeno (o feijão frade), com um fio de azeite -se havia. E uma bucha de pão para levar para o trabalho. Ou para a escola. A professora batia. Com a régua, nas mãos inchadas pelas frieiras e geladas do frio.
Até ao surto da emigração, nos anos sessenta e setenta, passava-se fome. E no Inverno, muito, muito frio, nas casas de telha vã e chão de pedra.
Era assim, contam ainda.
2 comentários:
Ainda não há muito tempo (30 anos... :O) ) presenciei isso de que fala. O "caldo" era feito em panelas de ferro com 3 pés em lume de chão e o conteúdo eram apenas batatas e folhas de couve, não me recordo de ter visto pinga de azeite sequer. No dia seguinte, antes de saír para pastar o gado, o dono da casa comia uma malga desta sopa e levava consigo um naco de pão com um naco de carne seca que mais se assemelhava a toucinho tamanha era a quantidade de gordura. Foram umas férias para conhecer o Portugal Profundo, novinha como era julguei estar a fazer um passeio ao Portugal do passado. O que me custa é saber que passados estes 30 anos, isto ainda existe em muitos pontos do país. Ainda há dias na televisão quando se falava do aumento do pão , uma senhora queixava-se porque dizia ter passado a noite de Natal com 2,80€ na carteira para comprar pão para os filhos, se o pão aumentasse deixava de ter o que comer...
Bom já me alonguei e já divaguei, deixo-lhe um abraço e masi uma fez a admiração pelas suas "figurinhas".
E o que é mais grave: ao que se conta aí pelos jornais, os portugueses gastaram muitos milhões de euros nas celebrações do Natal. E eu, que remédio, também me deixei ir na onda! Mas, ao menos, só faço o presépio. Recuso-me a deixar abater um pinheirinho por minha causa... provavelmente vou vê-lo arder no Verão.
Este mundo está a ficar cada vez mais parecido com o "tale, told by a fool..." (será assim?) A formiguinha poupava no Verão para, se calhar,ter lenha no Inverno.
Eu é ao contrário.
Um abraço para si, Gi, e um feliz 2007 com tudo aquilo que nem sequer ousou desejar.
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