Francamente! Não me lembro de os Bispos de ali ao lado, nas Espanhas, terem sido chamados ao Vaticano e, em calhando, nem era preciso.
Mas os nossos foram. Não sei porquê: pinta-me que se andavam a portar mal. Tolerantes? Acomodados?
Não que se tivessem tornado verdadeiros pais, sofredores com o rebanho dos seus filhos, padres de espírito conciliar chamando à Igreja os mais humildes.
Não. Não era bem isso.
Mas, num povo de costumes tão brandos, irritável e agressor, sim, por vezes, mas logo manso e arrependido?
Melhor era que se deixasse estar, não era nenhuma fera, mas porquê acordá-lo? Talvez não mostrasse ameaçadoras presas, mas disparate era o mais provável.
O Senhor Papa, porém, é teutónico! Duvido que entenda estas nossas subtilezas. Para ele o pão é pão e o queijo é queijo.
A religião, sendo uma velhíssima hitória, é um património com dois mil anos. A Hierarquia é a sua única proprietária, a sua única intérprete com patente registada, a única dispensadora da Graça e do Perdão. Perdoarás a quem te ofendeu? Não. O Perdão é um dom divino que só a Hierarquia pode dispensar.
Amarás o próximo como a ti mesmo? Sim, desde que perguntes ao teu «legítimo Superior» quem, e o que fez para ser o teu próximo.
Pôr termo ao laxismo, como se vê, era imperioso.
E, se os Bispos nuestros hermanos endureceram as suas atitudes, ao ponto, por exemplo, de apelarem ao voto contra os partidos que aprovaram o casamento de homossexuais - os da esquerda, óbvio, se estes pobres socialistas como se chamam, ainda o são... - a Conferência Episcopal Portuguesa reelegeu o Senhor D. Jorge Ortiga, Arcebispo de Braga.
Nada contra.
Os Senhores Bispos que elejam quem muito bem puderem.
Mas que o eleito corra logo a gritar «ah! sacrilégio! laicismo! ateus! expulsaram-nos da praça pública!», isso já não parece tão curial.
Tanto mais que, já antes tinha saído a terreiro a clamar que iam proibir a assistência religiosa nos hospitais e por aí fora. Não era bem verdade, mas que importa?
Se, de facto, ainda não vimos ninguém do governo, ou mesmo fora dele, sair para a rua a gritar horrorosos insultos como «católicos!» ou «papa-missas!», também não deixa de ser facto que, cada vez mais, as pessoas se divorciam sem pedir conselho espiritual, que se juntam em pecado em vez de casar como deve ser. E agora as mulheres até já podem abortar legalmente em vez de se submeterem à penitência do opróbrio e do vão de escada, ao medo e à dor.
É o escândalo, percebem?
Quase tão mau como rezar a Santa Missa de frente para os fiéis, numa língua que eles entendem.
Ah, caramba!
Que o Papa seja infalível... pois. Tem de ser.
Mas o João XXIII, Senhor... ?
Porque nos dais tanta dor? Porque padecemos assim?
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